Ontem estive no campo. Sou uma pessoa do campo, vivi até aos seis anos numa pequena vila no Norte de Portugal. Mas a vida contextualiza de forma profunda a nossa forma de ser, a importância que damos às coisas e infelizmente o que consideramos que é importante aprender. O nosso cérebro com o tempo torna-se especializado e partes dele torna-se preguiçoso. É muito importante que treinemos estas partes tal como fazemos com os diversos músculos e articulações do corpo. O aprender coisas descontextualizadas com o nosso dia a dia, o nosso trabalho, a nossa rotina, as nossas leituras é precisamente o "exercício mental" que devemos fazer para exercitar as áreas menos preparadas do cérebro. Se somos uma pessoa com um estilo de aprendizagem muito orientado para a área esquerda do cérebro, então devemos fazer a nossa ginástica mental para o lado direito ou o inverso. Se somos muito auditivos então reforcemos a aprendizagem mais Visual ou aspectos mais Tacteais/Cinestésicos, ou inverso. Isto com certeza não vai mudar o nosso estilo(s) predominante(s) de aprendizagem, mas permite que "os músculos cerebrais" menos usados tenham a sua dose de treino semanal - para se iniciar na noção de estilo de aprendizagem AVK consultar:
Portanto hoje vou partilhar algo que aprendi, ouvindo e visualizando cerebralmente o processo sem o executar na prática(longe do meu estilo preferencial). O tema é muito diferente dos meus estudos em computação gráfica, tratamento de imagem, inteligência artificial, estilos de aprendizagem (académico) ou gestão de projectos (profissional), trata-se apenas e simplesmente de um tipo de enxertia que podem fazer nos vossos jardins, vasos ou canteiros.
O que é a enxertia, na Wikipédia diz: "A enxertia é a união dos
tecidos de duas
plantas, geralmente de diferentes
espécies, passando a formar uma planta com duas partes: o enxerto (garfo) e o porta-enxerto (
cavalo).". Num esforço de treinar a minha parte direita (leia-se criativa do cérebro) peguei na minha máquina fotográfica ( e fotografei um enxerto em garfo, numa ameixoeira brava e muitas outras flores e
árvores - ver filme), e ouvi atentamente a explicação que me foi dada, tentando visualizar interiormente (leia-se
cerebralmente) cada palavra da explicação.
Numa síntese desta aprendizagem que combinou três estilos auditivo, visual e cinestéctico aqui vai a minha explicação para "Como Fazer uma Enxertia em Garfo para Aprendizes":
1: Escolher um porta-enxertos (leia-se árvore ou planta receptora), com aspecto forte e saudável, sem aparência de pragas e bem localizada em termos de orientação solar e posicional. Deve escolher-se um porta-enxertos, capaz de receber a espécie de garfo alvo da enxertia, a recomendação vai para uma espécie de garfo semelhante ao porta enxertos. Um porta-enxertos menos sensivel ás espécies e o marmeleiro. Deve ainda limpar-se de impurezas e sujidades desnecessárias a área alvo da operação de enxertia. Os ramos do cavalo devem ter um diâmetro semelhante ao garfo ou caso o porta enxertos seja significativamente maior, sugiro a implantação de dois garfos num só cavalo.
2: Procede-se ao corte do ramo, com tesoura de poda, ou instrumento adequado ao diâmetro do porta-enxertos (imagem 1 da figura) e executa-se um corte com uma navalha de enxertia (ou semelhante), este golpe deve ser preciso, que não danifique de qualquer forma o cavalo. Proceda em seguida a preparação do garfo, assegurando superfícies de corte perfeitamente lisas sem lascas ou lanhos adicionais e sem sujidade. Se pretender colocar dois garfos num só cavalo maior então o lado interior garfo não deve ter casca.
3: Neste passo faça a inserção do garfo no cavalo (2 da figura) assegurando que a casca do porta enxertos está perfeitamente alinhada com o garfo. Se possuí dois garfos então deve assegurar que ambos os lados do porta enxerto estão correctamente alinhados com o
cavalo.
4: Use um plástico resistente a UV (mas biodegradável), para com uma corda amarrar o garfo(s) ao cavalo. dê uma forma de cone a folha de plástico para poder envolver com terra húmida, fina ou mesmo argilosa o garfo e respectiva união com o cavalo (ver foto). Muito Importante não deixe ar no interior, este facto é suficiente para que o enxerto não pegue.
Nota sugerida pelo especialista em jardinagem, que deu origem a estas notas (Dr. Adalberto Mota) que corrige e completa a descrição feita: "Lembro-te que falta referir que após a colocação do garfo no cavalo se tem de atar com firmeza a zona da fenda, no cavalo com ráfia natural (o mais comum e o que utilizei) porque acaba por desfazer à medida que o hematoma se desenvolve. Contudo algumas pessoas atam com fio de nylon que depois tem de ser aliviado e posteriormente retirado. Esta última opção facilita no momento de atar porque a ráfia não é tão resistente. Um aspecto que certamente não te esquecerias de dizer era o facto de a ráfia ser biodegradável!"
Muito Importante: qualquer erro que esta descrição contenha é pura e simplemente a minha má interpretação e falta de capacidade de sistematizar da excelente explicação dada pelo autor dos enxertos e da explicação, pelo que peço desde já desculpa ao leitor e ao Dr Adalberto Mota por qualquer incorrecção.
Créditos:
Imagens obtidas com autorização do Dr Adalberto Mota no seu Jardim, Abril 2009
Explicação original obtida por síntese pessoal da descrição do Dr. Adalberto Mota
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